O desfile cívico que celebrou os 267 anos de emancipação política de Camaçari, comemorado neste domingo (28), foi colorido e harmonizado pelos sons de grupos culturais, bandas marciais e fanfarras. As apresentações encheram de vida e emoção a Avenida 28 de Setembro (antiga Radial A), transformando a manhã em um verdadeiro espetáculo de cidadania, cultura e memória.

Arrancando aplausos da plateia, a Orquestra de Metais e Percussão da Bahia (OMPB) deu o tom da festa, trazendo para a avenida a força da música baiana em batidas marcantes e melodias icônicas, como “Forasteiro” (BaianaSystem), “Selva Branca” (Chiclete com Banana) e “Cidade dos Poetas” (Jau).

Entre os 85 integrantes da orquestra está a jovem Laura Lima, de 15 anos, que integra o corpo coreográfico. “Este é meu segundo desfile pela orquestra e a sensação de estar na avenida é de nostalgia. Sempre gostei de música e poder me apresentar é a realização de um sonho, sem contar a alegria de ver a reação positiva do público”, contou.

No compasso da tradição e da disciplina, a Banda Marcial Vila de Abrantes (Fanesva) também marcou presença na festa, com seus 80 integrantes que interpretaram clássicos como “Chorando se foi” e “Sinfonia africana”.

Para o presidente da instituição, Nivanaldo Santos, a participação no desfile representa mais que música. “Participamos do desfile em nossa casa, Vila de Abrantes, no dia 14 de setembro, e agora é uma imensa alegria estar aqui, no ponto alto do aniversário do município. Trazer nossos jovens e adolescentes é uma missão, pois a cultura é uma ferramenta importante de socialização e para que sejam cidadãos de bem”, destacou.

O cortejo cultural seguiu embalado pela Banda Municipal de Camaçari (Bamuca); pelas bandas marciais Joana Angélica (Bamaja), do Centro de Educação Municipal de Camaçari (Bamcemc) e Estudantil de Camaçari; pelo Grupo Art’Vila; pelas fanfarras Estudantil de Parafuso (Fanesp) e Popular de Parafuso (Fanpop); além da Filarmônica 28 de Setembro. Cada apresentação levou alegria, encanto e orgulho à população, que vibrava a cada compasso.

No ritmo das raízes de nossa terra, os grupos culturais também trouxeram tradição e ancestralidade para a avenida. O Samba de Caboclo de Parafuso, com seus 13 integrantes, encantou com uma apresentação marcada pelo resgate histórico. “Estar aqui é uma oportunidade de mostrar às pessoas que a cultura está presente e é feita por muita gente nos diversos cantos da nossa cidade. Comemorar os 267 anos de Camaçari com o samba é valorizar a nossa ancestralidade”, ressaltou o Mestre Albertino Souza, líder do grupo.

Outra manifestação que não poderia faltar foi a capoeira, patrimônio imaterial do Brasil. O grupo Capoeira Ligeira, com mais de 25 anos de história, reforçou esse elo entre cultura e resistência. “É de grande importância participar deste momento significativo para a cidade, valorizando nossa cultura”, afirmou Carlos de Jesus, o Mestre Ligeirinho.

Organizada pela Secretaria de Cultura (Secult), a ala artística do desfile também contou com apresentações dos grupos Dança Contemporânea Ancestral, Som do Timbal, Grupo de Capoeira Inclusiva (GCI), Burrinha Preciosa, Movimento Percussivo Beira de Rua, Flor de Lis e o grupo percussivo Grão de Areia.

Cada batida, acorde e movimento foi recebido com entusiasmo pela plateia, que acompanhava com sorrisos, aplausos e olhares atentos.

É o caso de Williane Santos, 23 anos, que levou o filho Iudi, de apenas 1 ano, para assistir ao desfile. “Este ano, especialmente, estão muito lindas as apresentações. É muito importante mostrar a cultura da nossa terra para meu filho, para que ele possa prestigiar esse momento fundamental da cidade”, disse a autônoma, moradora do Loteamento Montenegro.

A festa também emocionou Luiz Cláudio da Silva, 45 anos, que acompanhou de perto ao lado da neta Heloísa dos Santos, de 8 anos. “Estou achando o desfile maravilhoso e acho bom que tenha essa integração cultural”, disse o segurança, morador do Conjunto Habitacional Parque das Algarobas.

Para a pequena Heloísa, o desfile foi ainda mais inspirador. “Tenho vontade de participar de uma fanfarra. Ainda não sei qual instrumento ou se na coreografia, mas acho tudo muito legal e bonito e quero um dia poder também me apresentar”, revelou a garota, com brilho nos olhos.

A secretária de Cultura, Elci Freitas, destacou o simbolismo da celebração. “É uma felicidade comemorar os 267 anos de emancipação política da cidade trazendo para a rua os grupos culturais. A gente precisa, sim, respeitar a nossa ancestralidade. É o que nos traz até aqui, junto com nossos mestres de cultura, valorizando a história de Camaçari e mostrando a cultura que queremos para nossa terra, para as futuras gerações. No coração da cidade, o desfile mostrou que a cultura é, ao mesmo tempo, memória e futuro. É o fio que une gerações, resgata tradições e fortalece a identidade de um povo que tem orgulho de sua história”, disse a gestora.

Foto: Juliano Sarraf e Patrick Abreu

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