Com mais de 900 usuários, Unifal é referência no atendimento a pacientes com doença falciforme
O Centro Especializado em Doença Falciforme de Camaçari (Unifal), gerido pela Secretaria de Saúde (Sesau), segue como referência, com atendimento regular a 345 pacientes com doença falciforme. A unidade também atende pacientes com outras condições relacionadas às hemoglobinopatias (doenças do sangue), totalizando atualmente 922 usuários vinculados.

Entre janeiro e junho de 2025, o equipamento já realizou 1.242 atendimentos, abrangendo especialidades como Hematologia, Hematopediatria, Psicologia, Nutrição, Enfermagem e Serviço Social. O local também oferece suporte ao uso da hidroxiureia, medicamento fundamental no tratamento de pacientes falciformes, e realiza orientação para pessoas com traço falciforme, ou seja, que têm uma cópia do gene que causa a anemia falciforme e uma do gene normal, não apresentando sintomas, mas podendo passar o traço para o filho.
O diagnóstico da doença falciforme é feito principalmente no Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), conhecido como “teste de pezinho”. É o que explicou a coordenadora do Unifal, Érica Lima. “Crianças a partir dos quatro meses de idade, jovens e adultos que ainda não fizeram o diagnóstico para detecção da doença podem realizar o exame de sangue chamado de eletroforese de hemoglobina, disponível no SUS. Esse exame também está inserido na rotina do pré-natal”, destacou.

Entre os atendidos no centro está a pequena Maria Julia dos Santos, de 3 anos, que esteve na unidade acompanhada da mãe, Diogiana dos Santos, 38 anos. “Desde que minha filha nasceu, ela faz consultas regulares de Hematopediatria no Unifal. O atendimento é ótimo”, relatou a moradora de Vila de Abrantes.
Outra paciente, Jade Vasconcelos, de 5 anos, é acompanhada no local desde o primeiro ano de vida. É o que contou a mãe, Silvania Vasconcelos, 46 anos. “A cada três meses ela passa pela especialidade. O atendimento é acessível e bom. É importante ter uma unidade de referência como essa no município”, avaliou a residente de Barra do Pojuca.
O acesso ao centro pode ser feito por demanda espontânea ou por encaminhamento de serviços de saúde municipais ou privados. Para ser atendido, o paciente deve apresentar a Ficha de Referência e Contrarreferência devidamente preenchida, resultado de exames laboratoriais com até três meses, documento de identificação oficial com foto, Cartão do SUS e comprovante de residência.
O Unifal está localizado na Rua Oito de Dezembro, nº. 59, Centro. O atendimento ao público acontece de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O telefone de contato é o (71) 3454-0179.
Doença falciforme
A doença falciforme é uma doença genética e hereditária caracterizada por uma mutação no gene que produz a hemoglobina (HbA), fazendo surgir uma hemoglobina mutante denominada “S” (HbS), que é de herança recessiva. Existem outras hemoglobinas mutantes (C, D, E, etc.), que em par com a S, constitui-se num grupo denominado de doença falciforme.
A anemia falciforme é a forma HbSS. Apesar das particularidades que distinguem as doenças falciformes e das variadas gravidades, todas essas doenças têm manifestações clínicas e hematológicas semelhantes.
Nas pessoas com doença falciforme, as hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) que em condições adequadas são redondas, assumem a forma de “meia lua” ou “foice”. Essa mudança de formato ocorre em situações de esforço físico, estresse, frio, traumas, desidratação, infecções, entre outros.
Nesse formato, os glóbulos vermelhos não oxigenam o organismo de maneira satisfatória porque têm dificuldade de passar pelos vasos sanguíneos, causando má circulação em quase todo o corpo. As manifestações clínicas podem afetar, assim, quase todos os órgãos e sistemas, ocorrendo a partir do primeiro ano e se estendendo por toda a vida. As principais, incluem crises de dor, icterícia, anemia, infecções, síndrome mão-pé, crise de sequestração esplênica, acidente vascular encefálico, síndrome torácica aguda, ulcerações, complicações renais, oculares, dentre outras, incluindo complicações tardias relacionadas à sobrecarga de ferro secundário às transfusões.
É importante que as pessoas com doença falciforme participem do Censo da Doença Falciforme (DF) realizado pelo Centro Estadual de Referência às Pessoas com Doença Falciforme Rilza Valentim (CERPDFRV/HEMOBA), juntamente com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). O questionário, que tem o objetivo de mapear o perfil dos pacientes no estado, está disponível no site da Fundação Hemoba ou através deste link (https://formulariohemoba.saude.ba.gov.br/#/cadastro-pessoa).
Foto: Juliano Sarraf