Foi realizada na tarde desta quinta-feira (29/05), no plenário da Câmara de Camaçari, a Audiência Pública sobre Fibromialgia, com o tema “A dor pode ser invisível, mas eu não”. A atividade é uma iniciativa da Comissão de Saúde e Assistência Social da Casa Legislativa e reuniu especialistas nessa síndrome crônica caracterizada por dores generalizadas, fadiga intensa, distúrbios do sono, alterações cognitivas e hipersensibilidade, que afetam significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

O vereador Dentinho do Sindicato (PT), um dos defensores da causa, destacou a trajetória de luta para garantir legislações que protejam e ajudem as pessoas que sofrem com a doença no município. Ele citou a Lei No 1731/2022, que institui o Dia Municipal de Combate à Fibromialgia e cria benefícios para portadores da doença, como filas e vagas de estacionamento preferenciais, e a Lei No 1882/2023, que institui a Política Municipal de Proteção dos Direitos da Pessoa com Fibromialgia em Camaçari.

“Essas e outras leis em estaduais e federais são vitórias importantes para estas pessoas. Quando tive contato com a realidade da doença, me senti na obrigação de fazer o que for preciso para amenizar os prejuízos que ela traz para a vida dessas pessoas. Apesar do reconhecimento pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela legislação brasileira, os pacientes ainda enfrentam uma dura realidade: a falta de atendimento adequado em todas as áreas necessárias para o tratamento. Por isso vamos apresentar aqui na Câmara uma indicação para criação de um centro especializado para atendimento dessas pessoas”, declarou.

A presidente da Associação de Pessoas com Fibromialgia de Salvador (AFIBS), Silvia Ribeiro, trouxe relatos sobre a dificuldade de lutar por melhorias. “Precisamos garantir os direitos para que as limitações diárias sejam respeitadas. A doença atinge mais mulheres, e muitas não conseguem manter o emprego e ficam sem acesso ao fluxo assistencial por falta de políticas públicas”, afirmou.

A presidente da Associação de Pessoas com Fibromialgia de Camaçari (Fibro Camaçari), Patrícia Galvão, reforçou que é preciso respeito, capacitação e informações sobre a doença. “Em Camaçari, existem cerca de 7 mil pessoas com a doença e que precisam dessa assistência. Com a falta dessas informações e do cumprimento das leis, somos jogadas na invisibilidade, em um cenário de não acolhimento. Mesmo com avanços, ainda temos muitas necessidades e seguiremos na luta por ambulatórios especializados, por profissionais capacitados para o atendimento, por medicamentos, exames e transporte para os pacientes que necessitam”, reforçou.

A comunidade presente na audiência também teve oportunidade de se manifestar, trazendo relatos de vivências e superações. Para Djeane Silva, a luta é por respeito, atendimento adequado e por visibilidade. “Somos contra o capacitismo, lutamos por respeito, por atendimento, por emprego, por tudo que temos direito dentro da nossa realidade”, registrou. Já Eliene de Almeida, pediu mais empatia por parte dos servidores públicos. “Chegamos em uma repartição, em uma unidade de saúde e às vezes somos tratadas com desprezo, as pessoas acham que nossa dor é frescura, mas não é. Eu ando com meu diagnóstico e com meus exames na bolsa e isso não tem que ser necessário, pois precisamos ser respeitados e acolhidos”, acrescentou.

Também marcaram presença da audiência, a deputada estadual Maria Del Carmen, a psicóloga e pessoa com fibromialgia, Thais Carvalho, a médica especialista em Acupuntura e Clínica da Dor, Cristina Peres, que destacou que o tratamento ideal da doença precisa ser multiprofissional, de preferência em centros de referência de dor. Também palestrou a advogada Núbia Carvalho, a subsecretária municipal da Saúde, Gabriela Mendes, e a representante da Secretaria da Mulher, Negra Magna.

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