A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou a prisão do general Walter Souza Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, traz uma série de agravantes usados para justificar a detenção do militar.
Braga Netto foi preso na manhã deste sábado (14) em seu apartamento no Rio de Janeiro. Leia abaixo os principais pontos da determinação.
Embaraço a investigação
A Polícia Federal (PF) apontou que o novo depoimento prestado por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, apresentou elementos que permitem caracterizar a existência de conduta de Braga Netto no sentido de impedir ou embaraçar as investigações.
Segundo a PF, o general agiu para impedir o esclarecimento dos fatos, principalemte ao tentar obter informações da delação do ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em sua delação premiada.
As investigações apontam que o objetivo de Braga Netto era controlar as informações fornecidas, alterar a realidade dos fatos apurados, além de consolidar o alinhamento de versões entre os investigados.
Telefonemas a pai de Mauro Cid
O relatório da PF, que embasa a decisão de Moraes, apresenta uma perícia realizada no celular do pai de Mauro Cid, Mauro Cesar Lorena Cid, que mostra “intensa” troca de mensagens com Braga Netto pelo aplicativo WhatsApp e também uma ligação, que durou pouco mais de 3 minutos.
Em sua delação, Mauro Cid confirmou que o general procurou seu pai para tentar obter informações sobre o seu acordo de colaboração premiada.
Na decisão, Moraes diz que a investigação da PF demonstra que os contatos telefônicos realizados com o pai de Cid tinham a finalidade de obter dados sigilosos, controlar o que seria repassado à investigação e informar aos demais integrantes da organização criminosa.
Recursos para operação golpista
A decisão de Moraes mostra ainda atuação de Braga Netto na tentativa de impedir um novo depoimento de Mauro Cid
O general obteve e entregou os recursos necessários para a organização e execução da operação “Punhal Verde e Amarelo”, mais precisamente para o evento “COPA 2022”, que pretendia prender o ministro Alexandre de Moraes.
O plano previa usar veneno e explosivos para matar o presudente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e Moraes.
Dinheiro em sacola de vinho
Mauro Cid afirmou em sua delação que Braga Netto atuou no financiamento das ações de forças especiais para executar um plano de golpe de Estado, que incluia o assassinato de autoridades, e repassou o dinheiro diretamente a um major do Exército em uma sacola de vinho.
Liderança da organização
Segundo destaca Moraes na decisão, o general teve “gravíssima participação nos fatos” e “verdadeiro papel de liderança na organização e no financiamento” das ações.
A Polícia Federal ainda apontou provas robustas de que Braga Netto ajudou no processo de planejamento e execução de um golpe de Estado, que não foi realizado por circunstâncias alheias às suas vontades.