Foto: Ferreira Otomar concedeu uma entrevista ao jornalista Julio Ribeiro do site Compartilha Bahia, na manhã desta terça-feira (13)

Depois de sair de Goiás e passar pelo Estado da Amazônia onde comprou seu primeiro caminhão, no ano de 1974 Ferreira Otomar estava no Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense, onde prestava serviço alugando duas caçambas e uma máquina carregadeira.
Lá ele assistindo televisão durante a noite ouvia falar do Polo Petroquímico de Camaçari. Certo dia, ja no ano de 1975, quando chegou para iniciar os trabalhos viu seus caminhões parados e de surpresa recebeu a notícia, que o seu contrato havia sido encerrado.
Sem muita lamentação, naquele mesmo dia, voltou para casa e falou para a esposa: “arrume as coisas, que vamos para a Bahia”. Partiu do Rio de Janeiro rumo ao Polo Petroquímico de Camaçari, viajando em um fusca durante toda uma noite.
Chegando aqui, procurou uma construtora e perguntou, se acaso ele trouxesse duas caçambas e uma carregadeira para cá eles alugariam. E a resposta foi: “Alugamos até 100 máquinas e 100 caçambas se você trouxer”.
Sem dormir, foi de volta para Rio, em mais uma noite de viagem sem parar. Chegando lá despachou para Bahia todos os seus equipamentos e nunca mais saiu de Camaçari. Há quase 50 anos continua sendo o primeiro funcionário de sua empresa a chegar para trabalhar.
Ao chegar ao Polo Petroquímico ele se alojou em um local conhecido como mirante, onde na época quem chegava para trabalhar sem ter onde morar, se abrigava de forma precária, e lá Ferreira ficou por cerca de três meses, morando em uma barraca de lona.
Na época o polo era energia pura, uma dinâmica incrível, onde mais de quarenta mil trabalhadores se revezavam em construir, produzir e erguer o maior complexo industrial do Brasil.
Como Ferreira Otomar era um trabalhador contumaz, com um ritmo de trabalho acima da média, com muito pouco descanso, em 20 anos de trabalho já tinha construído um império.
Suas empresas chegaram a somar mais de 314 funcionários, ele sempre deu a mão para quem fosse esforçado e quisesse crescer na vida. Hoje muitos pais de famílias, que possuem casas, caminhões, começaram do nada trabalhar com Ferreira, que sempre fez questão, de pedir aos mais experientes, que ensinassem a profissão ao novatos.
Os pedreiros ensinavam aos serventes, os motoristas aos ajudantes, e “com o tempo fomos formando um exército de profissionais e ajudamos a levantar Camaçari”.
Durante 20 anos Ferreira só fez trabalhar, e quando seu nome chegou a ser um dos mais conhecidos da cidade, fizeram dele um politico. Foi vereador, deputado estadual e ajudou de forma robusta, Caetano se eleger prefeito em 2005.
“Quando cheguei a Camaçari uma coisa me marcou e eu lembro até hoje, apesar de aqui ter uma multidão de pessoas, não havia uma pessoa se quer, para me dar um bom dia, eu não conhecia ninguém”.
“Eu mudei essa realidade e hoje meu neto veio até a mim, pedir a benção para ser candidato a vereador, dizendo que quer ser político realizador de obras para um dia ser reconhecido na cidade como eu”.
“Relutei por três vezes, tentei tirar essa ideia da cabeça dele, mas no último momento, coloquei as mãos na face cobri os olhos e imaginei esse menino futuramente ajudando tanta gente, como eu ajudei”.
“Naquele momento um filme passou pela minha cabeça, lembrei dos dias mais difíceis que eu tive em minha vida, quando ninguém me dava um bom dia. Meus olho se encheram de lágrimas e eu resolvi então abençoar meu neto e dar a ele o meu apoio”.
A missão de Ferreira em Camaçari ainda não acabou, prestamos a ele essa homenagem na semana do Dia dos Pais, para agradecer a ele, pelas inúmeras famílias que ele ajudou a levantar em nossa cidade.


Obrigado Ferreira Otomar, parabéns pela sua história e boa sorte em sua caminhada.

By admin