DIEGO COPQUE, CONHECIDO HISTORIADOR DE CAMAÇARI,
DENUNCIA PERSEGUIÇÃO INEXPLICÁVEL CONTRA ELE


O historiador Diego Copque, autor do livro que fundamentou uma
importante reparação histórica a Camaçari, com a inclusão do município
no percurso do fogo simbólico que acontece em 30 de junho em território
baiano, vem a público para denunciar a perseguição de que se considera
vítima por parte do atual governo municipal.

Legenda da foto: “Em Camaçari, justamente no momento da execução da histórica solenidade, Diego foi tratado com rispidez pelo filho da pré-candidata a vice-prefeita de Flávio Matos, mas em Salvador, Mata de São João e Dias D ávila, Copque foi aplaudido e premiado. “


Copque não consegue explicar o motivo das hostilidades de que tem sido
alvo exatamente quando se celebra a participação de Camaçari nas lutas
que consolidaram a independência do Brasil com a expulsão das tropas
portuguesas de Salvador.


Reparação
E a razão da perplexidade decorre do fato de ter sido justamente ele, com
seu trabalho de pesquisa, quem causou a inédita reparação a Camaçari.
Em seu segundo livro publicado – “A presença do Recôncavo Norte da
Bahia na Consolidação da Independência do Brasil” – o historiador resgata
a figura do caboclo, descendente de tupinambás, Joaquim Euzébio de
Santana, Comandante-Mor das tropas indígenas nas batalhas travadas
com os portugueses na região que hoje é Vila de Abrantes. O caboclo deu
a vida na luta.


“Um personagem histórico de tamanha importância como Joaquim
Euzébio de Santana permaneceu desconhecido por 201 anos e nós o
revelamos para a história”, comemora Copque. O precioso achado, fruto
de cuidadosa pesquisa, o levou a pleitear a presença de Camaçari no
trajeto do fogo simbólico de 2 de julho, que também incorporou os
municípios de Mata de São João, Dias D’Ávila e Lauro de Freitas.


Reconhecimento
O historiador Diego Copque foi apoiado em seu pleito pelo Consórcio
Intermunicipal Recôncavo Norte e pelo Instituto Geográfico Histórico da
Bahia (IGHB), além de personalidades como o então subsecretário de
Cultura de Camaçari, Luciel Neto.


A Fundação Gregório de Mattos (FGM) acolheu o pedido e autorizou a
passagem do fogo simbólico por Camaçari e pelos outros três municípios
do antigo Recôncavo Norte. “A solicitação da medida de reparação
histórica foi prontamente atendida”, afirma Copque.


Com seu segundo livro sobre Camaçari, Diego foi convidado a tornar-se
sócio efetivo do Instituto Geográfico Histórico da Bahia (IGHB). A posse de
Diego Copque, em maio último, representou outro marco histórico para
Camaçari, pois ele é o primeiro cidadão camaçariense a receber a
homenagem em 130 anos. O primeiro foi o desembargador Tomás
Montenegro, um dos sócios fundadores do IGHB em 1894.


A autorização da FGV foi também o reconhecimento do mérito do trabalho
e da carreira profissional de Copque, que se tornou conhecido na Bahia e
nacionalmente com o lançamento, em 2021, de seu primeiro livro, “Do
Joanes ao Jacuípe, uma história de muitas querelas, tensões e disputas
locais”.


Provocações
Tanto em 2023 quanto neste ano, segundo Copque, as provocações,
agressões e ameaças tiveram o objetivo de impedi-lo de carregar a tocha
do fogo simbólico em cumprimento ao roteiro preestabelecido para a
celebração da Independência em Camaçari. “E nos dois anos foi montada
a mesma patuscada contra mim”, diz Copque.


Organizado com a participação de representantes da Fundação Gregório
de Mattos e conhecido de todos os integrantes do cortejo, entre atletas e
cadeirantes, o roteiro previa que o historiador levasse a tocha no trecho
que ia da Praça Desembargador Montenegro à estação ferroviária, no
Centro Antigo de Camaçari. O prefeito estaria à espera para receber a
tocha das mãos de Copque.


No entanto, após a intervenção de um cadeirante que irrompeu no desfile
com expressões depreciativas ao historiador, a tocha passou de mão em
mão sem ser entregue a Copque, apesar de seus reiterados pedidos, até
que Luciel Neto interveio aos gritos, tomou a tocha de quem a segurava e
a entregou ao historiador, que pôde, então, concluir o trajeto e passá-la às
mãos do Prefeito.


Agressão e ameaças
Neste ano, porém, as provocações que prejudicaram a celebração da
Independência em Camaçari em 2023 culminaram em agressões físicas,
ameaças e tentativas de intimidação.


Tais atos levaram o historiador a registrar B.O. na 18ª Delegacia Territorial,
em Camaçari, contra Diltomar, funcionário da Prefeitura conhecido como
Mestre Zeca, capoeirista, e contra César Bittencourt, filho da Vereadora
Angélica Bittencourt (PP), atual pré-candidata a vice-prefeita de Flávio
Matos.


O que motivou a reação do historiador foram episódios ocorridos quando
o desfile chegava à etapa final, na altura dos Correios, pois, neste ano, o
fogo simbólico deveria ser entregue ao Prefeito na Prefeitura.
Zeca interceptou o desfile, avançou em Copque e tentou arrancar-lhe a
tocha das mãos, chegando a torcer-lhe o braço, mas não conseguiu seu
intento. Segundo o historiador, Zeca coroou a agressão com a ameaça:
“Vamos exterminar todos os petistas de Camaçari.” O historiador esclarece
que não pertence a partido algum e que não é político e nem candidato a
nada. Como cidadão, exerce o direito pessoal e intransferível de votar em
quem quiser.


Depois do funcionário foi a vez de César Bittencourt interpelar Copque,
chamá-lo para “sair na mão” e “na porrada” e espetar o dedo no peito do
historiador. O filho da vereadora seguia Copque desde que Luciel Neto,
atual titular da Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude, interveio pela
segunda vez em favor do historiador, para resgatar o fogo simbólico, que
estava, indevidamente, nas mãos de outra pessoa, e entregá-lo a Copque.


Oferta de emprego
O Prefeito Elinaldo pronunciou-se ao receber o fogo simbólico, sem, em
momento algum, segundo Copque, pedir-lhe desculpas pelo acontecido.
Em vez disso, ofereceu-lhe emprego na Prefeitura, que Copque recusou,
solicitando um pedido de desculpas públicas, aceito por Elinaldo.


O historiador não foi contatado pela Vereadora Angélica Bittencourt, mãe
de César Bittencourt, para desculpar-se com Copque pelo comportamento
do filho. O Prefeito, no entanto, de acordo com Copque, telefonou para ele
cinco ou seis vezes, insistindo na oferta de emprego e sem nunca
mencionar as agressões ao historiador.


Em uma dessas vezes, convidou Copque a escrever a nota de retratação
junto com a Vereadora Angélica Bittencourt, mãe do agressor. O
historiador recusou o oferecimento ao que o Prefeito disse que a equipe
de comunicação da Prefeitura redigiria a nota, cujos termos Copque
terminou por aprovar.


O título da nota era “Prefeito repudia desrespeito sofrido pelo historiador
Diego Copque”. A nota nunca foi publicada, afinal. Ao entrar em contato
com a equipe de comunicação, o historiador foi informado de que a nota
havia sido passada para o setor de publicação da Prefeitura.

E nada mais.
Ana Maria Mandim, em 7/7/2024

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