Em outubro os brasileiros vão voltar às urnas para escolher prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios. Uma eleição regada a muito dinheiro público: o fundo eleitoral terá R$ 5 bilhões, o dobro das eleições municipais em 2020. Historicamente, a eleição municipal é marcada por problemas e questões locais, mas a polarização ainda presente entre o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro pode mudar o quadro. E ambos já atuam para eleger aliados. Para entender como vão atuar os dois cabos eleitorais mais influentes do país e o que esperar da eleição deste ano, Natuza Nery conversa com o cientista político Felipe Nunes, professor da UFMG e diretor da Quaest, autor do livro recém-lançado ‘Biografia do Abismo’. Neste episódio: 

Felipe detalha os temas que devem pautar a campanha nas pequenas, médias e grandes cidades. Para ele, a polarização entre Lula e Bolsonaro deve se fazer mais presente em cidades de grande porte, principalmente da região Sudeste, onde “há um debate ideológico importante que não acabou em 2022”; 

Ele analisa como o PL – partido do ex-presidente Bolsonaro – tem o desafio de crescer nos municípios. “É a primeira eleição com Bolsonaro fora do poder. É um teste para o bolsonarismo”, afirma. E lembra: “o PT teve o seu pior desempenho em 2020”, e agora tenta recuperar protagonismo nas cidades, tendo nas mãos a máquina pública federal e uma agenda econômica positiva; 

Para ele, “a eleição de 2024 é crucial para entender a correlação de forças no Congresso”. E chama atenção para a mudança no “jogo legislativo”, com parlamentares tendo nas mãos o valor recorde de R$ 53 bilhões em emendas. “O que determina quem vai ganhar o Congresso são os prefeitos. A eleição de 2024 é o termômetro para saber quem vai mandar na agenda legislativa brasileira em 2026”, sentencia; 

E aponta a tendência de uma alta taxa de reeleição de prefeitos, resultado de um “círculo virtuoso e vicioso”, com bases eleitorais irrigadas com dinheiro de emendas parlamentares. “Deputados passaram a ter mais poder para ajudar prefeitos que no futuro vão poder ajudá-los a vencer as eleições de novo”, explica. 

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