Acidente com Juliane Lima Gonçalves aconteceu minutos depois dela encerrar primeiro dia de trabalho em apartamento na Pituba, bairro de classe média de Salvador.
Mãe de um menino de 11 anos e dedicada ao trabalho de cuidar de crianças. Essa é a descrição da doméstica Juliane Lima Gonçalves, de 29 anos, que caiu no poço do elevador de um prédio na Pituba, bairro de classe média de Salvador, na segunda-feira (18).
O caso aconteceu por volta das 17h de segunda (18), logo depois que Juliane Lima Gonçalves encerrou o primeiro dia de trabalho em um apartamento do 4° andar do prédio, localizado entre as ruas Vereador Maltez Leone e Ceará.
A altura que ela caiu corresponde ao 7° andar por causa dos andares de garagem e porque ela caiu no poço.
Juliane Lima Gonçalves morreu no dia do aniversário da mãe. O marido dela, identificado como Adailton, contou que a esposa completou 29 anos em 9 de dezembro, dia em que ganhou uma festa da família. Após o expediente, a vítima pretendia visitar a mãe.
“A família está desolada, principalmente a mãe, que recebeu a notícia do falecimento em pleno dia do aniversário. É horroroso para qualquer pessoa do mundo. Infelizmente vai ficar marcado por toda vida”, contou Adailton.
“Uma data feliz para todo mundo e que vai ser trocada por causa dessa tragédia”, lamentou o marido da doméstica.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu um inquérito civil para que sejam reunidos elementos de prova, como laudos de órgãos de fiscalização, documentos do condomínio e do empregador da vítima, além de depoimentos.
De acordo com o órgão, o objetivo da apuração é identificar se as normas de saúde e segurança do trabalho, previstas na legislação brasileira, estavam sendo cumpridas no prédio.
‘Alegre, feliz e querida por todos’
Juliane Lima Gonçalves também foi descrita pelo marido como uma pessoa alegre, feliz e querida por todos. Sonhadora, tinha planos para o futuro.
“Era uma pessoa querida por todo mundo e tinha muitos planos. Vinha realizando muitos sonhos, mas infelizmente foi interrompido por causa dessa tragédia”, afirmou o companheiro da mulher.
Após o caso, a família quer que responsáveis pela morte da doméstica sejam identificados.
“A gente sabe que não vai trazer a vida dela de volta, mas o que a gente quer é justiça”, disse o marido de Juliane Lima.
Adailton contou que ela tinha prestado serviços no apartamento em julho deste ano. Na época, trabalhou apenas dois dias porque contraiu uma virose.
“Infelizmente ela não pode seguir com a profissão dela. Ela gostava tanto de tomar conta de criança, mas foi interrompido”.
Queda do elevador
Equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) foram ao local, mas Juliane Lima não resistiu aos ferimentos. O marido dela contou que foi avisado do acidente pelo padrasto da esposa, por telefone, por volta das 18h30.
“Eu falei que estava em casa e que ela já deveria estar chegando. Só que ele já sabia e disse: ‘Olha, Juliane sofreu um acidente no elevador, está sob cuidados da Samu, mas a princípio está bem”, relatou.
Depois, uma pessoa que acompanhava o atendimento do Samu entrou em contato com ele, informou que o caso era grave e pediu para que a família se deslocasse para o prédio.
“Quando a gente chegou, a médica me abordou e a gente conversou. Ela me passou a informação que ela tinha vindo a óbito, por causa de um trauma muito forte na cabeça”
O corpo da empregada doméstica foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Salvador. O velório e o sepultamento dela acontecerão na cidade de São Félix, no recôncavo baiano. O caso foi registrado na delegacia do bairro da Pituba e será investigado.
A delegada Marita Souza, responsável por investigar o caso, contou que já ouviu a idosa que contratou Juliane Lima, além da filha da patroa. O síndico do prédio deve prestar depoimento ainda nesta terça-feira (19). O acordo era para que a vítima trabalhasse como cuidadora dos netos da patroa por duas semanas.
“O síndico alega que vem fazendo a manutenção constantemente, inclusive gastou um determinado valor para fazer uma reforma nos elevadores. Um engenheiro vai nos dar detalhes do que aconteceu”, disse a delegada.
De acordo com a delegada, o responsável por fazer a perícia no local foi ouvido e ela aguarda o resultado do laudo para seguir as investigações.
“O fato é que quando ela abriu a porta, o elevador não se encontrava no andar. Acreditamos, pelo que já realizamos de oitivas, que ela poderia estar utilizando o celular e não fez essa observação”, afirmou Marita Souza.
Uma colega de trabalho de Juliane Lima disse que não viu a queda, porque fechou a porta do apartamento antes do elevador chegar no andar. O filho da senhora disse que usou o equipamento por volta das 14h30.
A delegada informou ainda que imagens de câmeras de segurança mostraram que outras pessoas usaram o elevador durante o dia e o equipamento não apresentou problemas.