Em cada sala de aula das mais de 100 escolas da rede pública municipal de Camaçari pulsa uma centelha de esperança, alimentada pelo brilho no olhar de quem ensina e de quem aprende, unidos por um laço silencioso, mas extremamente poderoso: o da educação que transforma. Nesta quarta-feira, 15 de outubro, Dia do Professor, a celebração carrega a garra, o empenho e o compromisso de profissionais que moldam o futuro, desde a infância até a vida adulta, escrevendo novas histórias a cada dia.

Aluna da Escola Experimental Professora Marina Tavares Cardoso, Ana Clara dos Santos, 8 anos, já demonstra, mesmo tão jovem, a importância que dá ao trabalho dos educadores. “Gosto de ir para a escola para ver meus amigos, estudar, mas também porque minhas professoras são muito legais e ensinam com carinho”, revela. Moradora do bairro Phoc II e estudante do 2º ano do ensino fundamental, a pequena faz parte do grupo de mais de 34 mil crianças matriculadas na rede municipal.

No cerne da formação está a alfabetização. Vera Alves Sacramento, 50 anos, professora do ensino fundamental I na Escola Maria Tavares Cardoso, fala com paixão sobre a missão de ensinar. “Estou como professora na cidade há 15 anos e cada dia tudo se renova. Ser professora é acender luzes. Quando uma criança aprende a ler, a escrever e, sobretudo, a entender o que foi lido e escrito, ela ganha voz. A alfabetização é o alicerce de tudo, e é por isso que acredito na profissão, porque acredito no poder de mudar destinos”, endossa.

Este ano, Camaçari avançou no ensino em tempo integral, com mais de 4.900 estudantes matriculados — quantitativo que representa um crescimento superior a mil alunos em apenas um ano. Esse dado reafirma o compromisso do município em construir uma educação mais completa e inclusiva.

A missão de educar também se renova na energia do movimento. Professor de Educação Física há 20 anos em Camaçari, Ivã Carlos de Pinho acredita que a aprendizagem vai além dos livros. Mestre em Educação pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e atuando na Escola Municipal Alberto Ferreira Brandão, ele vê o esporte como um caminho para o desenvolvimento integral. “Educar o corpo é também educar a mente. A disciplina, o trabalho em equipe e o respeito nascem na quadra e florescem na vida”, afirma.

Dentre esses milhares de estudantes, há também quem esteja recomeçando. A aposentada e moradora do Parque Verde III, Maura Santos, 66 anos, decidiu voltar à sala de aula em abril deste ano, ingressando no programa da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Escola Municipal Anísio Teixeira. “Voltar a estudar foi uma bênção. Estou mais animada, minha cabeça está melhor. A escola me fez sentir viva de novo”, pontua emocionada. A história de Maura é um retrato da educação como ferramenta de saúde, autonomia e autoestima em todas as fases da vida.

O compromisso dos educadores é parte fundamental desse processo. Professora há cerca de 30 anos no município, Yara da Paixão Ferreira, atualmente à frente de algumas turmas do EJA na Escola Municipal Anísio Teixeira, enfatiza o valor da experiência. “O EJA é um espaço de dignidade. Cada aluno que volta a estudar carrega consigo uma história de luta, e nós, professores, temos o privilégio de ajudar a reescrevê-la com conhecimento e afeto”, conta.

O EJA é essencial para reduzir desigualdades, permitindo que jovens e adultos retomem os estudos e garantam seu direito à educação. Além disso, promove inclusão social e profissional, aumentando a empregabilidade, a participação cidadã e a autoestima dos alunos que concluem a educação básica.

Neste Dia do Professor, Camaçari agradece aos seus educadores pela paciência, pela coragem e por acreditarem, todos os dias, que ensinar é um ato de amor e resistência — gestos, muitas vezes silenciosos, mas que ecoam por gerações como sementes que, ao encontrarem solo fértil, florescem em futuro.

Foto: Rafael Kuster

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